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Alguns conceitos psicanalíticos foram perdendo especificidade e sentido colocando em risco o corpo teórico da psicanálise. Cada autor ou escola sente-se no direito de entender um conceito psicanalítico segundo seus interesses escolásticos sem qualquer necessidade de explicar porque está sendo mudado o sentido de um conceito quando, em verdade, estão adaptando-os aos interesses de sua teoria. Outros conceitos são negados ou denegados, por desconhecimento ou por necessidade teórica, mas, de novo, sem quaisquer justificativas. O conceito de objeto da psicanálise passou por um processo deste tipo. Tento aqui resgatar precisão para os conceitos de objeto e método psicanalítico ligando-os um ao outro como ocorre na ciência moderna.  Abstract. Freud was always accurate in the use of words. But the psychoanalysts that followed him, for many reasons, lost this quality. So, some psychoanalytical concepts were loosing specificity and meaning, driving the entire psychoanalytical theoretical structure into danger. Each author or school arrogates to itself the right to understand a psychoanalytical concept according to its scholastic or theoretical interests with no need for explanation why they are changing the meaning of a particular concept, in fact, adjusting the concept to fit a particular theory. It also happens that some concepts are abandoned, once again without any sort of explanation, either for reasons of ignorance or theoretical needs. The concept of object of Psychoanalysis went through such a process. I try, in this paper, to rescue the accuracy of both psychoanalytic object and method. “PSICANÁLISE é o nome de (1) um procedimento para a investigação dos processos mentais, (2) um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos e (3) uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas e que, gradualmente, se acumula numa nova disciplina científica.” (Freud, 1923 [1922]). O MÉTODO E O OBJETO. Desde Platão, o método para alcançar o conhecimento foi uma preocupação da filosofia. Descartes concebeu três métodos: o dedutivo, o indutivo e o anagógico. Este último ficou perdido no emaranhado da teoria do conhecimento desde que, tendo sido adotado pela religião, passou a ser chamado de revelação. Quando Santo Agostinho resolve o problema da eternidade de Deus, deixa de ser agnóstico e relata seu encontro com Deus como uma apreensão de sua existência somente depois de ter tido uma compreensão que abrangia um conhecimento que se dera como um todo, de trás para diante, somente depois que tivera o total conhecimento, ou seja a revelação. Desta forma, tal maneira de alcançar o conhecimento quase passou a ser apenas uma forma que se restringia à conversão religiosa. Entretanto, não é uma forma incomum de se alcançar o conhecimento científico e filosófico, pois muitas inteligências não alcançam o conhecimento por acumulação sucessiva, mas somente depois que conseguem apreender a totalidade dos elementos ligados a determinado saber, exatamente, de trás para diante e como que de repente. Podem ser arroladas como exemplos simplistas desta forma de alcançar o conhecimento — o método anagógico —: a queda da maçã de Newton, a heureca de Arquimedes e um relato feito por Ernst Cassirer segundo o qual estava empurrando o carrinho de bebê com sua neta, quando concebeu repentinamente toda a organização da Filosofia das Formas Simbólicas, abandonou o carrinho e foi correndo ao seu gabinete começar a escrever; depois disto levou 8 anos para completar seus três volumes de 1921 a 1929 (Cassirer, 1921-1929). Os outros dois métodos, o dedutivo e o indutivo, são muito mais difundidos e dispensam maiores comentários. São todos, entretanto, métodos para alcançar o conhecimento em geral. Seria função da filosofia, e de cada uma das ciências que se foi desmembrando dela, passar a indagar qual é o método que cada ciência passou a utilizar e, depois, fazer nova indagação: qual é o objeto de cada uma dessas ciências. O método de cada ciência é de grande importância na sua consolidação, pois é ele que leva o indivíduo a passar da observação ingênua para a observação científica e foi isto que não escapou à observação de Karl Marx quando proferiu sua já famosa expressão: “Se as coisas fossem como parecem ser, não haveria a necessidade da ciência.”. E, para que elas transpareçam como são é necessário que sejam estudadas metodicamente. Por isto mesmo é que é aqui que começam as grandes dificuldades, pois como as ciências foram se destacando da filosofia guiadas por motivações diversas, várias eram as formas de definirem seu objeto e seu método. Aparentemente, ao inverso do que deveria ter sido, destacavam-se pelo objeto ao qual iriam dedicar-se. O primeiro passo foi a definição de qual era o objeto da ciência: o mundo físico, competia à física; a maneira de os objetos se alterarem ao serem colocados uns em contatos com os outros e as leis que regiam estas transformações, competiam à química e assim por diante. A dificuldade de se definir um objeto mostrou como esta escolha foi uma clara inversão de procedimentos, como toda a filosofia e a ciência tem claro hoje em dia. Passou-se, então, a definir o objeto de uma ciência como aquele objeto que era estudado por seu método. Simples. Se uso o método da física para estudar, por exemplo, um copo, este será objeto da física. Se sobre o mesmo copo, aplico o método da química, este será objeto da química. Quais são, entretanto, os métodos da química e da física? Começa nova dificuldade. De pronto o método é definido com o conjunto de técnicas usadas por uma ciência. Não nos dávamos conta que, definindo o método desta forma, estávamos definindo-o pela técnica, instrumento de uma ciência da qual o método deve ser destacado, pois precede-a sendo-lhe superior. Técnicas de pesagem, usamos tanto na química quanto na física, outro exemplo simples. No que diz respeito à psicanálise, clara fica a confusão quando se tomam normas técnicas por método. Fazemos assim com questões como a freqüência semanal e a duração de sessões; oportunidade adequada para uma interpretação: somente quanto o paciente estiver a ponto de perceber (Freud); ou, no momento em que o analista perceber, deve comunicar ao paciente, pois ele pode não ter oportunidade de voltar a falar ao paciente (Bion); ou ainda, nada de interpretações, somente o assinalamento do significante e, quando fizermos esse assinalamento, procedemos imediatamente ao corte (Lacan). Regras de como o paciente deve comunicar-se com o analista — associação livre —, ou de como o analista deve usar sua atenção — flutuante. Regras, portanto, regras técnicas, não o método psicanalítico. O Método é definido, ainda, pela etmologia da palavra — recurso usado por Herrmann nos Andaimes do Real (1979) —, caminho para um fim, o que destrinça, mas não esclarece, não define no sentido de mostrar um meio definitivo para encontrarmos o caminho de cada ciência. Devemos dispor de um conceito de método que não seja somente uma forma de reunir o conjunto hipotético de suas partes técnicas nem somente a origem etmológica da palavra, embora, utilizando-se deste recurso no local citado, Herrmann nos remeta a uma forma interessante de discriminar método de processo e de técnica. Paralelamente a estas questões que se vêm propondo à filosofia, outra, muito próxima, também vem se impondo e recebendo soluções, qual seja a já apontada dificuldade de se definir o objeto. O que é objeto? Se é o objeto do mundo dado, ao qual a ciência devia dedicar sua observação, progressivamente a filosofia foi-se defrontando com outro problema. Como um cajado, objeto dado do mundo, era o apoio para um trôpego, o símbolo de poder de um rei, o símbolo de poder de um xamã, um objeto de arte que pousava ornamentando um canto isolado de uma sala? Propunha-se uma questão: era o mesmo objeto? Eram objetos diferentes? A filosofia crítica propôs-se a separar coisa-em-si de objeto e, a princípio, começou-se a distinguir forma de conteúdo, depois essência de substância como forma de resolver esta questão. Entretanto, assim como Karl Marx demonstrou serem uma coisa só a forma e o conteúdo, Ernst Cassirer, na filosofia, e Albert Einstein, na física, demonstraram ser uma só coisa a essência e a substância. O objeto vai, então, perdendo a consistência conceitual que adquirira com a filosofia crítica, segundo a qual, todo conhecimento estava determinado pelos dados apriorísticos de tempo e espaço e, por seu ramo empirista, provinha da experiência. O objeto passa a necessitar de uma nova conceituação. É neste momento que confluem a pouca especificidade do conceito de método e do conceito de objeto e, nesta confluência, acabam por alcançar maior especificidade. Na nova filosofia fenomenológica de Hurssel (1929), Cassirer (1921-1929), Merleau-Ponty (1945), com a ajuda da lingüística moderna de Ferdinand de Saussure (1906-7, 1909-1911) e tantos outros, o objeto é concebido como criação da consciência no momento imediato de sua percepção. Assim, o símbolo de poder do rei é um objeto, o apoio de um trôpego é outro, o símbolo do poder de um xamã outro ainda e mais um outro, é o objeto estético. Aquilo que chamamos cajado é o suporte expressivo, ou o referente NOTEREF _Ref467808163 \* MERGEFORMAT 3, sobre o qual a consciência cria 4 objetos dependendo da forma segundo a qual está organizada. De que ajuda pode ser esta mudança de conceitos na filosofia de utilidade para a ciência? Pode facilitar-nos a tarefa de afirmar que o objeto de uma ciência é aquele criado pela aplicação do método da ciência. Assim, um mesmo suporte expressivo pode ser: ora o objeto de uma ciência, ora de outra, se lhe aplicarmos o método desta ou daquela outra. Mas, o mesmo suporte expressivo pode também ser objeto da arte se nossa consciência, ao percebê-lo, está esteticamente organizada. Ainda pode ser um objeto mágico se nossa organizamos para apreendê-lo como objeto mítico. Assim, aquele nosso copo é objeto da física, quando estudado pelo método da física; é objeto da química quando estudado pelo método da química; é objeto estético quando utilizado para ornamentar um painel e visto com os olhos da estética; é objeto do mito quando usado para percorrer letras, formando frases ditadas por espíritos que já habitaram entre nós, ou ainda, é um objeto também mítico quando, com pequena quantidade de vinho, é alçado acima da cabeça de um sacerdote em oferenda a um Deus tornando-se, então, consagrado. Repito, são objetos diferentes segundo a forma de a consciência organizar-se para conceber cada qual. Parece que voltamos ao ponto inicial, entretanto, tentarei, quando tratar do objeto e do método da psicanálise, especificar melhor quais mudanças foram proporcionadas pela confluência referida acima. O mesmo se dá com o objeto da psicanálise. É objeto da psicanálise aquele objeto estudado, ou criado, pela aplicação do método da psicanálise. As ciências têm ainda a necessidade de distinguir entre seu objeto, aquele estudado pela aplicação de seu método, dos objetos aos quais aplicamos seu conhecimento, os objetos aos quais aplicamos não o método da ciência, mas o conhecimento propiciado pela aplicação do método. Podemos aplicar os conhecimentos psicanalíticos a uma obra de arte para melhor compreendermos suas formas expressivas sem que estejamos aplicando seu método, embora estejamos aplicando, legitimamente, seus conhecimentos. Não estaremos criando o objeto psicanalítico, pois este somente se cria pela aplicação do método psicanalítico, mas estaremos usando os conhecimentos oriundos da aplicação do método psicanalítico formando um corpo teórico consistente. Assim como, quando diluímos acido sulfúrico lentamente em água, não estamos criando nenhum objeto da física, nem da química, mas aplicando os conhecimentos da físico-química. Este é o percurso que tentarei fazer, neste texto, quanto ao método psicanalítico e o objeto da psicanálise. 2. O MÉTODO DA CIÊNCIA. Estes fatores, embora tenham contribuído para o esclarecimento do conceito de método e de objeto de cada ciência nos dias de hoje, ainda estavam muito no início de sua discussão e concepção quando da descoberta da psicanálise por Freud e, no meio psicanalítico, os termos ainda guardam a imprecisão de tempos anteriores, do fim do século passado. Assim, nós psicanalistas, somente agora podemos abeberar-nos desta evolução na filosofia para tentar conceituar nosso método e nosso objeto. Por este motivo o método psicanalítico tem recebido o mesmo tratamento impreciso pela grande maioria de nossos colegas. Seria melhor dizer que é raro que colegas se debrucem reflexivamente sobre o conceito de método psicanalítico, ou seja, que indaguem e busquem esclarecer qual é, exatamente, o método de nossa ciência. Pelo fato de a psicanálise ter sido descoberta por Freud antes desta evolução, era de se esperar que Freud também cometesse as mesmas confusões próprias à ciência vigentes na sua época. Nem mesmo o texto “O Método psicanalítico de Freud” (Freud, 1904 [1903]) é um detenimento reflexivo sobre o método mesmo quando este dá o nome ao artigo. Este texto deixa bem claro, entretanto, que é o método psicanalítico que distingue o que seja psicanálise: “O método psicanalítico específico que Freud emprega e descreve como psicanálise...”. Ou seja, método e disciplina confundem-se em uma única coisa. Logo abaixo, no mesmo texto, começa a confusão que vai estender-se primeiro entre método e processo, depois, entre método e técnica. Aquela mesma confusão que encontramos ao tentar encontrar o conceito de método na filosofia e nas outras ciências. Vejamos pequenas citações, incompletas, todas do mesmo texto: “... Freud reviveu este processo...” Quando está falando do método.. “As modificações que Freud introduziu no método de tratamento catártico de Breuer foram, de início, modificações de técnica...” Aqui, está falando de método e modificações técnicas, mas não dispõe ainda de recursos para separar método do seu conjunto de técnicas. Expondo as razões pelas quais deveria procurar um substituto para a hipnose, Freud diz: “A menos que se pudesse produzir um substituto para esse elemento ausente, qualquer efeito terapêutico estava fora de cogitação. Freud encontrou este substituto — um substituto bem satisfatório — nas ‘associações livres’ dos seus pacientes, ...” Assim Freud afirma ter encontrado um substituto para a hipnose, seguramente uma parte técnica do método catártico. Portanto, esta última passagem deixa claro serem as associações livres um substituto para a parte técnica do método, a hipnose. É metonímica a tomada da associação livre pelo método psicanalítico, ela é em verdade “uma parte do método”, uma de suas questões técnicas, como vimos. A afirmativa de ser a associação livre a parte técnica do método psicanalítico é compartilhada por Renato Mezan (Mezan, 1996) que, estudando o mesmo texto, cita esta passagem, de Freud, bastante esclarecedora: “Este trabalho de interpretação aplica-se não somente às idéias do paciente” — às associações livres, portanto — “como também aos seus sonhos, que desvendam a abordagem mais direta a um conhecimento do inconsciente, às suas ações não intencionais e também às sem objetivo (atos sintomáticos) e aos erros grosseiros que pratica em sua vida cotidiana (lapsos de linguagem, erros palmares e assim por diante).” Ou seja, é sobre tudo isto que se aplica o método psicanalítico — a interpretação — usando, sim, uma técnica — a técnica da associação livre. Nos artigos sobre técnica, a afirmação: “... a regra fundamental da psicanálise, que estabelece que tudo que lhe venha à cabeça deva ser comunicado sem crítica, ...” (Freud, 1912) merece uma nota de rodapé de James Strachey na qual mostra mais uma vez a característica de técnica e não de método da associação livre: “Este parece ser o primeiro emprego do que doravante tornou-se a descrição da regra técnica essencial.” Assim, parece mesmo não nos restar senão tomar a associação livre como regra técnica e não metodológica. Há outras ocasiões em que Freud toma técnica por método, vejamos: “Descobrimos métodos técnicos de preencher as lacunas existentes nos fenômenos de nossa consciência...” (Freud, 1940 [1938]) ou “... fazer uma escolha entre dois métodos ou técnicas.” (Freud, 1940a [1938]). Parece, portanto, que, quanto à precisa conceituação de método psicanalítico, não podemos contar com Freud, mas quanto à questão de ser a associação livre uma regra técnica, penso que sim. Há, além da passagem citada, uma outra que nos ajuda a pensar desta forma: “Fazemos um pacto com o paciente. O ego enfermo nos promete a mais completa sinceridade — isto é, promete colocar à nossa disposição todo o material que a sua autopercepção lhe fornece; garantimos ao paciente a mais estrita discrição e colocamos a seu serviço a nossa experiência em interpretar material influenciado pelo inconsciente.” Ou seja, sobre a associação livre, aplicamos a interpretação — o método psicanalítico. Outra constatação “A hipnose, contudo, desempenhara o serviço de restituir à lembrança do paciente aquilo que ele havia esquecido. Era necessário encontrar alguma outra técnica para substitui-la e a Freud ocorreu a idéia de colocar em seu lugar o método da ‘associação livre’.” (Freud, 1924 [1923]). Ou seja, Freud fala de técnica (uma outra “técnica”) e, em seu lugar, propõe “o método da associação livre”. Acresçam-se as importantes críticas feitas ao associacionismo por Jacques Lacan (Lacan, 1936) e, entre nós, por Isaías Melsohn (Melsohn, 1973, 1978 e 1991). Um fator importante para agravar a situação da imprecisão foi, sem dúvida, a compreensão distorcida da recomendação de nos afastarmos da teoria para melhor apreensão dos nossos pacientes. O viés da metodologia científica é o viés comum a toda ciência e nos aponta, agora, o caminho para a sistematização do conceito de método psicanalítico. Este viés propõe uma pergunta que deve ser respondida: se a psicanálise é uma disciplina científica, qual é seu método e qual é seu objeto? Acompanho Heinz Hartmann (Harrtman, 1958): “A característica que distingue uma investigação psicanalítica não é o tema sobre o qual se debruça, mas a metodologia científica e a estrutura dos conceitos que usa.” Como vimos, no momento, a metodologia científica já tem como seu que o objeto de cada ciência é ditado pelo método de pesquisa, o objeto de cada ciência é aquele estudado com o método da ciência em questão. Aplicamos o método de uma ciência e seu objeto surge aos nossos olhos. Dito de outra forma, diante dos conhecimentos atuais, o objeto de uma ciência é todo objeto criado pela aplicação do método da ciência com o qual nos proponhamos estudá-lo. Não confundamos com o objeto artificial criado pela aplicação direta das teorias ao paciente. Se aplicarmos as teorias kleinianas ao nosso paciente, surgirão, sem dúvida, o paciente da posição esquizoparanóide, o da posição depressiva, o da culpa depressiva, etc. Se aplicarmos, por outro lado, o corpo de teorias lacanianas, surgirá, sem dúvida, o sujeito descentrado, ou seja o sujeito cujo pensar se dá em instância alheia ao conteúdo do pensar consciente. E assim, com os conceitos de Winnicott de um si mesmo falso e um verdadeiro; os de Kohut e o ego autônomo, enfim, surgirá sempre o paciente criado (Herrmann, 1991) pela aplicação do método dentro da camisa de força de qualquer teoria. Qualquer objeto que tomarmos para estudo será objeto da física se for estudado com a aplicação do método da física, se esse lhe for aplicável. Se tomamos seu peso, suas dimensões, usando um dos sistemas de medida consagrados pela física (CGS, MKS), se calculamos seu centro de gravidade, sua elasticidade, seu calor específico, etc., ele será um objeto da física e ele, criado pela física, passará a chamar-se, agora, corpo. Se, por outro lado, fazemos com que entre em contato com outro objeto para observar que reações ocorrem entre eles e que nova combinação de elementos estas reações terão gerado, estaremos examinando-o com o método da química e ele, criado pela química, passará a chamar-se, agora, substância, ou, se preferirmos, receberá, na pia batismal, o nome de substância, filha legítima da química. Assim com a psicanálise. Será objeto da psicanálise aquele objeto que for estudado com o método da psicanálise se esse método lhe for aplicável. Ou, sendo mais preciso, será objeto da psicanálise aquele objeto criado pela aplicação do seu método e por meio dele estudado. 3. O MÉTODO DA PSICANÁLISE. Entre os autores modernos que se dedicam ao estudo do método psicanalítico está, entre nós, Fábio Herrmann. O presente estudo do método psicanalítico baseia-se, numa leitura que considero cuidadosa de seus textos “O Homem Psicanalítico” e “Conceituação do Objeto Psicanalítico” e do livro “Andaimes do Real - Uma Revisão Crítica do Método da Psicanálise” (Herrmann, 1979, 1983 e 1990). Introduzo modificações e acréscimos que correm por minha conta. Uma das modificações que considero importante, e por isto destaco, é a restrição da aplicação do método psicanalítico ao homem psicanalítico — sendo este um conceito de Herrmann entre outros a que recorrerei sem indicação — como forma de distinguir a criação do objeto psicanalítico da produção de conhecimento psicanalítico. Aquele, produto da aplicação do método, este, da aplicação do conhecimento psicanalítico para ilustrá-lo, exemplificá-lo, enriquecê-lo ou ampliá-lo, por exemplo, sobre uma obra de arte. Mas qual é o método da psicanálise? É o método interpretativo, responderia imediatamente como já o fiz antes sem maiores explicações que agora tentarei encontrar. Se fosse tão simples, poderia então dizer que é objeto da psicanálise todo objeto que for estudado com o método interpretativo. Detenhamo-nos. Não é mesmo tão simples assim, pois um vidente interpreta sonhos. Sua interpretação não será psicanalítica mesmo se usar conceitos ou conhecimentos psicanalíticos. O mesmo se dá com um xamã, um astrólogo. Some-se o fato de ser interpretativo, também, o método da filosofia. Portanto, o método interpretativo pura e simplesmente pode produzir muitos objetos, objetos de muitas ciências, disciplinas ou religiões. Como ele produz um objeto psicanalítico? Sob determinadas condições. Passarei a examinar estas condições. Escolhamos, para reflexão introdutória, um objeto de arte ou qualquer outra forma de expressão da mente. O que acontece quando um psicanalista estuda-os aplicando-lhes conceitos psicanalíticos ou quando busca esclarecer algum conceito psicanalítico com o uso de uma obra literária? Por exemplo, um psicanalista usa um romance (Sigmund Freud, 1911; Melanie Klein, 1955; Fábio Herrmann, 1992); ou uma escultura (Freud, 1914); ou uma recordação infantil (Freud, 1910); ou ainda, o escudo de um guerreiro (Herrmann, 1988). Todos estes objetos foram examinados por psicanalistas. Mas, pode seu produto ser chamado de objeto psicanalítico? Criou-se o objeto psicanalítico? Positivamente, não! Que objeto foi criado por estes estudos? Um objeto da psicanálise aplicada? Expressão excessivamente vaga, pois tanto poderia ser usada para a aplicação dos conhecimentos psicanalíticos a obras literárias, quanto a outras obras de arte, quanto ao próprio ser humano, quanto, ainda, à história da humanidade ou aos fatos corriqueiros do cotidiano. Mas não se produz, assim, o objeto psicanalítico. Se não forem satisfeitas outras condições, não se cria o objeto psicanalítico mesmo se os conhecimentos psicanalíticos forem aplicados ao ser humano. É importante que, além de podermos estabelecer um conceito claro de método psicanalítico, possamos também, como começamos a examinar, distinguir o tratamento de um objeto utilizando conhecimentos psicanalíticos do tratamento de um objeto utilizando o método psicanalítico — e seu derivado imediato, a técnica. Somente depois de feita esta distinção, é que poderemos afirmar se o objeto foi ou não tratado com o método psicanalítico. Se não foi tratado pelo método psicanalítico, seu produto não pode ser o objeto da psicanálise. Não é o objeto da psicanálise! No caso dos exemplos citados, o objeto criado foi um obra literária. O estudo de obras literárias e de outras obras de arte por meio da aplicação dos conhecimentos psicanalíticos pode ajudar-nos a compreender conceitos psicanalíticos e os exemplos são aqueles, entre outros. Repetindo, Freud e Schreber (Freud, 1911), Freud e Leonardo (Freud, 1910), Freud e Michelângelo (Freud, 1914); Melanie Klein e Fabian Especel (Klein, 1955); Herrmann e o escudo de Aquiles (Herrmann, 1988), Herrmann e Aksenti Ivanovitch (Herrmann, 1992). Mas em nenhum destes casos o produto foi o objeto psicanalítico, pois nem Freud psicanalisou Schreber, nem Leonardo, nem Moisés; nem Melanie Klein psicanalisou Fabian; nem Fábio Herrmann psicanalisou Aksenti Ivanovitch e muito menos poderia ter psicanalisado o escudo de Aquiles. Entretanto, se a aplicação do conhecimento psicanalítico feita por estes autores a seus objetos pôde trazer contribuição incomensurável para a compreensão psicanalítica da paranóia, da identificação, da loucura e da crença, bem como da função defensiva da representação, não pôde criar o objeto psicanalítico. O artista é geralmente mais ágil na apreensão de nuanças afetivas que tardamos em perceber; por isto, a obra literária ajuda-nos a compreender aspectos do espírito humano, mas não produzirá o objeto psicanalítico. Trata-se, repito a pergunta, de psicanálise aplicada? Como vimos, a expressão psicanálise aplicada é muito vaga e pode ser usada para a aplicação dos conhecimentos da psicanálise a várias situações. Podemos usá-la para referir-nos ao uso dos conhecimentos psicanalíticos para conhecer o homem e ainda assim não estaremos gerando o objeto psicanalítico, pois mais condições são exigidas para a geração deste objeto. Somente podemos gerar o objeto psicanalítico quando aplicamos o método psicanalítico ao homem. Mesmo assim, uma condição adicional deve ser cumprida, a de o homem encontrar-se em condição de análise. Muitas impropriedades são cometidas por aqueles que abraçam uma ciência em formação. Nos primórdios pessoais de nossos conhecimentos psicanalíticos ou nos primórdios da construção do saber psicanalítico, foi freqüente que tenhamos incomodado a todos que nos cercavam com nossas desagradáveis e inadequadas interpretações, espalhadas a torto e a direito, sem que aqueles que as recebiam estivessem em condição de análise — psicanálise silvestre como Freud (1910) mostrou tão claramente, sem dúvida. É interessante uma das afirmações de Freud, neste texto, para o prosseguimento de nossa argumentação, mais adiante: “De vez, no entanto, que a psicanálise não pode abster-se de dar essa informação, prescreve que isto não se poderá fazer antes de que duas condições tenham sido satisfeitas. Primeiro, que o paciente deve, através de preparação, ter alcançado ele próprio a proximidade daquilo que ele reprimiu e, segundo, deve ter formado uma ligação suficiente (transferência) com o médico para que seu relacionamento emocional com este torne uma nova fuga impossível." Para distinguirmos as várias formas ou aplicações de nossa disciplina, penso ser justa a proposta de Fábio Herrmann (Herrmann, 1979) de reservar “a inicial maiúscula (Psicanálise) para designar a disciplina e aquilo que a ela se refere em âmbito de totalidade, como seu método; grafando com minúscula (psicanálise), quando o termo se refere à terapia analítica ou a outras formas particulares de exercício psicanalítico.” Ou chamar os passeios do divã exatamente de “Divã a Passeio” (Herrmann, 1992). Ou ainda, como sugeriu o tema do número mais recente de uma publicação brasileira sobre psicanálise, Jornal de Psicanálise (1997): "Psicanálise sem divã". A primeira proposta de Fábio Herrmann parece-me a melhor, apesar de manter juntas a “terapia psicanalítica ou outras formas particulares de exercício psicanalítico”; por esta razão, vou continuar escrevendo sempre com minúsculas, pois eu gostaria de ter uma forma para grafar o método, outra para a terapia psicanalítica e outra, ainda, para formas particulares de exercício psicanalítico. Poderia ser Yðsicanálise, como Freud sugeria em seus manuscritos, mas acho que seria complicar demais. As outras são interessantes, mas devem ser reservadas às situações em que foram usadas. Somente gostaria de registrar que, quando digo que não é psicanálise, estou me referindo exatamente à situação em que o objeto tratado não é o objeto psicanalítico criado pela aplicação do método psicanalítico. A forma correta de dizer seria: não se criou o objeto psicanalítico e, se não se criou o objeto psicanalítico, o ato científico que se deu não foi psicanalítico. Pode até ter sido um ato psicanaliticamente psicoterápico. 4. O OBJETO CRIADO PELA APLICAÇÃO DO MÉTODO PSICANALÍTICO. Ser humano em condição de análise, condição de análise, homem psicanalítico. Ressoam estas expressões. Vamos recapturá-la, pois algo já começa a tomar forma no correr casual do teclado (infelizmente já não podemos dizer no correr da pena!). Nem ao correr da pena, nem ao correr do teclado, pois, já em 1979, Herrmann cunha as expressões e as publica no livro “Andaimes do Real: Uma Revisão Crítica do Método da Psicanálise.” E, em 1983, no artigo “O Homem Psicanalítico” onde trata do despregamento das representações assim como Lacan, bem antes disto, já abordara o tema ao tratar do deslizamento da cadeia significante. Ser humano em condição de análise. Penso que podemos dizer, sim, que o método psicanalítico é interpretativo e capaz de gerar o objeto psicanalítico quando aplicado ao ser humano em condição de análise. Esta definição é adequada à psicanálise analogamente ao que sucede às demais ciências. Se aplicarmos o método da física ao espírito humano, jamais criaremos um objeto da física; portanto, há algo também em relação ao objeto (ao referente NOTEREF _Ref467808163 \* MERGEFORMAT 3) que delimita a abrangência de uma ciência ou seu campo veritativo. Assim, como não é qualquer referente que se prestará a ser criado objeto da física se lhe aplicarmos o método da física, não é, também, qualquer referente que será criado objeto da psicanálise pela simples aplicação de seu método. Há uma relação direta, imediata e biunívoca entre a ciência e seu método; entre o referente que será criado objeto da ciência pela aplicação de seu método e este próprio método. À especificidade do método corresponde uma especificidade do objeto. E, assim, se justifica o corolário: o objeto da psicanálise é o objeto criado pela aplicação do método psicanalítico ao homem em condição de análise delimitando-se, ao mesmo tempo, o campo veritativo da psicanálise. Falta ainda investigarmos as características do ser humano em condição de análise afim de que se constituam em definitivo as condições do objeto psicanalítico. Exatidão no conceito de método e exatidão do conceito de homem em condição de análise são pré-requisitos necessários, mas não suficientes. Tentarei, agora, investigar que características tornam exato o conceito de homem em condição de análise. Iniciarei pela questão da temporalidade e da história. Servir-nos-á, para este estudo, a analogia que pode ser estabelecida entre a psicanálise e as grandes transformações ocorridas no âmbito do conhecimento da psicologia com o surgimento da lingüística moderna. Quando Ferdinand de Saussure, entre 1906 e 1911 (Saussurre, 1906/1907-1909/1911), estabeleceu as bases da moderna ciência da linguagem — a lingüística estrutural —, mostrou a necessidade de estudar a linguagem no seu aspecto puramente sincrônico: a produção de sentido a partir da análise da constituição da frase. Promoveu, assim, o fechamento da linguagem dentro de si mesma pondo de lado, para tal fim, considerações de caráter diacrônico. Foi assim que criou as condições necessárias para que a aplicação do método desta nova ciência, a lingüística estrutural, criasse este novo objeto, a linguagem. Durante séculos a lingüística histórica descrevia a palavra como a união do signo lingüístico com o referente (o objeto). Toda criança sabia que isto estava errado, pois é comum que as crianças brinquem com o nome das coisas, ou com as palavras e as coisas, perguntando, por exemplo: “Se a árvore se chamasse cadeira, ela seria uma árvore ou uma cadeira?” Pelo menos, com perguntas como esta eu azucrinava os ouvidos pacientes de meu pai à moda de muitas crianças. Essas, como os artistas, são sempre mais argutas que os cientistas. Este foi o problema que Saussurre solucionou mostrando que o signo lingüístico não une uma coisa ao seu nome, mas une um conceito — o significado — a uma imagem acústica — o significante —, deixando de fora o referente — o objeto. A árvore propriamente dita, o referente, será um objeto diferente se olhada de cada um dos mundos da biologia, da arquitetura ambiental, da física, da estética, mas, se olhada do mundo da língua, será um significado. Bem próximo do que Freud já propusera desde o início de suas indagações psicológicas, em 1891, mas que viria a deixar completamente claro, poucos anos mais tarde, quando perguntou: “O que torna algo consciente?” E respondeu: “A união do impulso às imagens acústicas.” (Freud, 1915 e 1932). Aplicação do método psicanalítico ao homem em condição de análise! Proponho considerar a psicanálise, assim como a lingüística estrutural, uma ciência cujo método interpretativo somente deva ser aplicado segundo considerações exclusivamente sincrônicas. Talvez escape à psicanálise, enquanto busca seu objeto, “sensu strictu”, a interpretação diacrônica e, assim, sob este ponto de vista, não diga respeito à psicanálise interpretar a história, individual ou da humanidade. Ou seja, à história individual ou da humanidade, podemos aplicar os conhecimentos psicanalíticos, mas não podemos aplicar o método psicanalítico, pois o homem, enquanto ser da sua história ou ser da história da humanidade, não se encontra em condição de análise e, nestes casos, será objeto de sua história ou da história da humanidade. É evidente que não nego a importância da história individual para ajudar-nos a compreender as nuanças emocionais do paciente em tratamento psicanalítico e suas estruturas emocionais. Isto seria a negação do óbvio. É indiscutível que a história individual orienta-nos, a todo tempo, na busca da melhor interpretação do homem em condição de análise, mas como bússola orientadora. Bússola importantíssima, é verdade, mas que não é senão instrumento de orientação ao timoneiro, não é o timão nem o timoneiro. É, pois, evidente que a compreensão da história individual é muito útil para instrumentar-nos na interpretação sincrônica. Sob este aspecto, seria um absurdo qualquer psicanalista negar as conseqüências estruturantes do complexo de Édipo e seus reflexos na vida adulta. É evidente, também, que podemos aplicar à história da humanidade os conhecimentos psicanalíticos, mas não será desta forma que será criado o objeto psicanalítico. Assim, o objeto da psicanálise será o resultado da aplicação do método psicanalítico ao homem em condição de análise em uma visão sincrônica. Parece-me exato, mas, ainda incompleto. Ainda incompleto, mas caminhamos em direção à especificidade. Continuamos com a pergunta: o que é o homem em condição de análise? O homem em condição de análise é o homem apreendido sob a influência da transferência criada pela aplicação do método psicanalítico, situação única na qual o despregamento das representações ou o deslizamento da cadeia significante presta-se à psicanálise. Não há também dúvida de que não é qualquer interpretação que cria o objeto psicanalítico. A conversa psicanalítica guarda características próprias e imprescindíveis para que ela se preste a criar o objeto psicanalítico. Se o homem não se encontra em condição de análise, pode ocorrer despregamento das representações ou deslizamento da cadeia significante, mas isto não se prestará à aplicação do método psicanalítico. Pode prestar-se à aplicação dos conhecimentos psicanalítico sem que se crie o objeto psicanalítico. Não se trata, nestes casos, de negar que a psicanálise esteja onde pareça não estar como sugere Fábio Herrmann (Herrmann, 1997), mas insisto, o que aí se produz não é o objeto psicanalítico sequer se trata de um homem em análise, mas trata-se de um estudo psicanalítico, um estudo de conceitos psicanalíticos. Então, a disciplina psicanalítica — como a física, com seu método; a química, com seu método — quando pôs seu método em andamento gerou um objeto. Este objeto, descobriu-se lenta e progressivamente a partir de 1901 (Freud, 1905 [1901]), é, para a psicanálise, a transferência, produto direto da aplicação do método psicanalítico. A transferência mostrou ser o resultado final da série instinto-feito-impulso-feito-desejo, matriz simbólica da emoção (Herrmann, 1979) que se objetiva no analista e, ao objetivar-se, pode ser interpretada. Assim, segundo o que exponho agora, somente a emoção criada nas condições geradas pela aplicação do método psicanalítico e objetivada no analista pode ser interpretada psicanalíticamente. Está aí a caracterização das condições sincrônicas indispensáveis à aplicação do método psicanalítico. Mas o que é emoção objetivada no analista? É a criação de objetos imaginários, tendo por suporte expressivo o analista, para exprimir o puro presente das emoções vividas pelo paciente durante sua psicanálise. É nestes termos que defino o que denominei de condições sincrônicas para a aplicação do método. Penso ser este o conceito moderno de transferência. A psicanálise é, assim, um método de pesquisa e um método de tratamento baseado na etiologia descoberta com a aplicação daquele método. “A psicanálise constitui uma combinação notável, pois abrange não apenas um método de pesquisa das neuroses, mas também um método de tratamento baseado na etiologia assim descoberta.” (Freud, 1913 [1911]). Penso, portanto, que podemos reunir as considerações encontradas até aqui na definição seguinte: o objeto da psicanálise é a transferência considerada segundo dimensões puramente sincrônicas vivida pelo homem em condição de análise, transferência e condição de análise geradas pela aplicação do método intepretativo e o seu corolário: o método psicanalítico é o método interpretativo quando aplicado sincrônicamente à transferência do homem em condição de análise. Penso que esta é a forma adequada de definirmos o objeto psicanalítico sendo, ao mesmo tempo, uma forma que poderá contribuir para a “unificação” da psicanálise, pois pode ajudar-nos a tornar a psicanálise independente de outras questões de máxima importância, as questões técnicas. Se temos claro o objeto da psicanálise, torna-se indiferente se interpretamos na transferência ou a transferência. Torna-se indiferente se a transferência é a projeção, no analista, de experiências arcaicas vividas com as figuras parentais durante o complexo de Édipo ou se são formas criativas e imediatas de a consciência apreender sua relação com outra consciência, a do analista. Se temos claro o objeto da psicanálise, deixará de importar se a interpretação é uma frase que o analista compõe para informar o paciente de como ele concebe o quadro emocional do paciente em relação ao analista naquele momento (Baptista, 1977 [1978]) ou se isto é uma sentença interpretativa (Herrmann, 1979) e a verdadeira interpretação somente produzir-se-á pela condensação futura dos apontamentos, assinalamentos e sentenças interpretativas distendidos no tempo (Herrmann, 1991). Estas serão questões técnicas. Não sem importância, uma vez que poderão levar a um melhor ou pior resultado psicanalítico, mas terá sido criado o objeto psicanalítico. Com isto, além de tudo, alguma escola psicanalítica poderá reivindicar melhores resultados com a aplicação de seu corpo teórico e sua técnica, mas nenhuma poderá reivindicar ser a única psicanálise verdadeira. Penso que somente assim poderemos escapar de “Tal redução violenta do todo a uma parte — à qual não cairia mal chamar ‘assassinato metonímico’, porque elimina qualquer visão de conjunto sobre a Psicanálise — decorre da incapacidade de organizar os achados particulares, de somá-los, de contrapô-los, como peripécias de um roteiro bem aceito. O choque de teorias alternativas, que deveria provocar novas teorias organizadoras, de ordem superior — como seria lícito esperar da esfera teórica —, redunda em opiniões contrastantes que, quando suportadas por um grupo forte, sob a liderança de um mestre, originam escolas em conflito." (Herrmann, 1989.) Isto, a meu ver, pela falta de uma unificação metodológica que delimite claramente qual o campo do método e qual o campo da teoria. Caio na armadilha do exemplo prático, com um exemplo médico. Uma gastrectomia pode ser feita com a técnica de Bilroth I ou Bilroth II e qualquer escolha feita não tirará da escolha a característica de ser um ato médico, pois continuará a ser a aplicação do método médico ao objeto — no caso, a vertente cirúrgica do método da medicina. O uso de uma ou outra técnica e sua teoria justificadora, desde que seja aplicado o método da medicina, continua gerando um objeto da medicina. Em psicanálise também não haverá exclusão de uma ou outra prática se resultante da aplicação do método da psicanálise para a criação de seu objeto, não custa repetir: o objeto da psicanálise é a transferência considerada segundo dimensões puramente sincrônicas vivida pelo homem em condição de análise, transferência e condição de análise geradas pela aplicação do método intepretativo e seu corolário o método psicanalítico é o método interpretativo quando aplicado sincrônicamente à transferência do homem em condição de análise. O objeto da psicanálise estará, sempre, em condições de receber a aplicação de qualquer técnica psicanalítica, pois “técnica são os princípios de bem fazer psicanálise, de como encaminhá-la em adequação ao método. Vai daí que suas proposições tenham caráter normativo, expressem-se por devemos. Por isto, conselhos técnicos colidem às vezes entre si, podendo gerar práticas melhores ou piores.” (Herrmann, 1991.) Disto se exclui, sim, qualquer outra transferência. Qualquer relação transferencial que não tenha sido criada pelo método da psicanálise. Assim, as relações de amizade, de parentesco, de coleguismo, de competição etc., envolvem indiscutivelmente elementos transferenciais, mas não o tipo de transferência que, interpretada, poderá criar o objeto psicanalítico. O mesmo se dá com a consciência em condição de análise, pois “Esta condição da consciência não é privativa da situação analítica. Seria, com efeito, um estrato sempre possível e presente do ser consciente, o estar em trânsito entre a consciência de objeto e a inapreensível consciência das condições próprias da consciência; a psicanálise apenas fatora tal condição e põe-na em evidência.” (Herrmann, 1979.) Tão-somente a consciência em condição de análise presta-se a ser fatorada e posta em evidência para e pela psicanálise. Vários autores, das mais diversas orientações teóricas, confirmam a adequação do conceito de objeto psicanalítico que tento propor aqui. Mesmo buscando o objeto psicanalítico através da clínica, quando chegam a ele, e o descrevem para o leitor, muitas vezes a título de exemplo, o que descrevem é a situação transferencial gerada pelo seu trabalho, a aplicação do método psicanalítico. Muitos, quando não podem apreender qual o elemento transferencial em jogo, afirmam não ter alcançado o objeto psicanalítico. Nos termos da minha proposta, eu diria que não se criou o objeto psicanalítico. Vejamos alguns exemplos. Rezze (Rezze, 1990) faz o relato clínico de sessões suas com dois pacientes. Na sessão de um deles não consegue o que dizer senão fazer uma pergunta que não atinge o paciente ou que ele não conseguiu perceber como o paciente foi atingido. Na sessão do segundo paciente, consegue dizer algo que a toca mesmo que “o analista ainda não saiba o que é”, pois ele diz a ela que “ela está dizendo uma das coisas mais importantes de sua vida”. No primeiro caso, Rezze afirma que o paciente não se alterou e este era o seu padrão; o analista diz que não consegue encontrar o objeto psicanalítico. Eu, concordando plenamente com ele, apenas diria que o que ele disse ao paciente não criou o objeto psicanalítico, não que ele não o tivesse encontrado, pois não havia o que encontrar se não fora antes criado, pois este fora o padrão da análise. Quanto à outra paciente, o que ele disse criou o objeto psicanalítico, ainda que ele não saiba porque, pois “A cliente muda sua atitude emocional, aparenta curiosidade sobre o que está ocorrendo.” De novo, concordando, faço ressalva semelhante. Não somente ele encontrou o objeto psicanalítico; este pôde ser criado e, tendo sido criado por sua fala, pode ser encontrado. Ele diz: “O importante é que o analista ainda não sabe o que é. Sabe apenas que é alguma coisa.” Sabe muito mais, diria eu, pois sabe que, com sua aproximação, o objeto psicanalítico pôde criar-se. Junqueira de Mattos (Junqueira de Mattos, 1994), por seu turno, apresenta material clínico em que o objeto psicanalítico é, do meu ponto de vista, exatamente aquele que descrevo aqui, a transferência de um homem em condição de análise pela aplicação sincrônica do método psicanalítico. Levando em consideração as diferenças de estilo e de escola, diria que é quase exatamente como ele mesmo exemplifica o objeto psicanalítico. Vejamos a primeira interpretação: “Bem, parece que você tem muitas dúvidas a respeito de sociedades, de parcerias... e olhe que, ultimamente, você arrumou um novo sócio... fizemos aqui uma parceria... e você sente que arrumou um professor para decifrar, traduzir a nova língua que você não entende... a linguagem de seu inconsciente... porém, parece estar cheio de dúvidas sobre que tipo de sócio você arrumou aqui na análise... parece que você me vê como uma pessoa competente profissionalmente, mas você desconfia que eu esteja mais interessado em seu dinheiro e, como este grande pulgão, estou mais interessado em sugar os seus recursos do que talvez em lhe ensinar, ou em traduzir, de forma que você possa entender este inglês, esta língua estranha, que habita dentro de você...” Claramente e sem dúvida, o objeto foco da intervenção do analista fora a transferência em recente processo de criação pela adequada aplicação sincrônica do método psicanalítico veiculado pelas interpretações psicanalíticas deste tipo. Vejamos, também, como conceitua o objeto psicanalítico: “Finalmente, ao falarmos de objeto psicanalítico, penso estamos falando, em sentido amplo, com todo o polimorfismo com que ele se oferece, de um vínculo que liga analista-analisando, e este é a emoção, a experiência emocional ou, em última instância, o desejo, ou, mais primitivamente ainda, as pré-concepções que os estruturam.” (Junqueira de Mattos, 1994) (grifo meu). Em nenhuma das duas situações exemplificadas acima há o recurso aos elementos diacrônicos fato que, como já apontei em trabalho anterior (Baptista, 1991), vem se tornando cada vez mais raro em trabalhos publicados. Dito de outra maneira, já há muitos anos têm sido raros os recursos às descrições da vida infantil na busca de esclarecimento da angústia ou conformação caracterológica do momento presente do paciente — têm sido raras as construções em psicanálise, a não ser, e mesmo assim raramente, como ilustração depois de uma interpretação transferencial. Rocha Barros (Rocha Barros, 1990), por seu turno, depois de comentar desconforto semelhante ao meu com o uso impreciso de termos psicanalíticos, — embora, de sua feita, com maior especificidade no que diz respeito ao uso que Bion faz de objeto psicanalítico, — relata o caso de outra paciente e, a certa altura, afirma: “Interpreto que ela talvez esteja irritada por sentir que gostaria de protestar contra o cancelamento das sessões que ocorreu neste momento particularmente difícil para ela, mas não se sente capaz de fazê-lo por me ver fragilizado e ainda doente.” Cria-se o objeto psicanalítico, pois “Após breve silêncio, a paciente diz que acabara de lembrar-se de um sonho que ocorreu durante o fim de semana.” E abre-se o campo para a ação psicanalítica, para a interpretação, sempre, da transferência criada pela aplicação do método psicanalítico. O sonho é um pouco longo, mas parece-me valer a pena citá-lo. “O sonho era composto de duas situações. Na primeira delas, Marta deitada em sua cama, numa cabina de um transatlântico, mostrava-me sua filha, ainda bebê, e eu indicava que estava bem. Na cabina, também estava presente sua filha mais velha olhando-nos muito aflita, mas quieta. Marta dizia que todos estavam muito aterrorizados, menos eu. Marta acrescenta que ela estava aterrorizada, mas não podia mostrar isto para não deixar as filhas em pânico. O navio estava balançando muito devido a uma tempestade. Nesta altura, a situação do sonho muda.” “A paciente está, então, no quarto de sua mãe acompanhada da filha mais velha com a mesma idade e olhar que tinha na situação anterior. Marta comenta que parecia que sua mãe estava morrendo.“ “Marta, espontaneamente, diz que não sabe porque voltou a pensar na morte da mãe. Atribui o fato a um retorno de ressentimento contra a mãe provocado por estar preocupada com questões financeiras. Diz que, concomitantemente ao ressentimento, pensou que ela devia sua análise e a de sua filha que aparece no sonho, à herança que recebera da mãe.” Interrompo aqui. É um belo exemplo da criação do objeto psicanalítico depois de uma interpretação bem feita do homem em condição de análise que recebe o método psicanalítico sincronicamente aplicado. Melo Franco Filho afirma: “Nela,” (O acontecer na situação analítica.) “o analisando costuma apresentar, invariavelmente, um conjunto de fenômenos centrados na figura do analista, os quais preenchem um papel extremamente importante no processo. Freud, ao observar esses fenômenos, atribuiu-os a fatores de repetição e falsa conexão e criou uma teoria para explicá-los, a que deu o nome de ‘transferência’. Respondendo então à questão proposta acima, coloco que o que os analistas tentam interpretar é, basicamente, a chamada ‘transferência.’” (Melo Franco Filho, 1983.) Ainda Melo Franco Filho, logo a seguir, citando Zusman: “O aqui e agora são as coordenadas têmporo-espaciais ao longo das quais se move o fenômeno transferencial. O momento temporal define-se pelo agora e o momento espacial, pelo aqui. À intercessão dessas duas coordenadas de tempo e espaço (aqui-e-agora) cabe a designação de presente.” (Zusman, 1974.) Ou seja, à intercessão dessas duas coordenadas de tempo e espaço (aqui-e-agora) cabe a designação de aplicação sincrônica do método psicanalítico ao homem em condição de análise. Devo agora, a título de resumo, indicar quais os ganhos da psicanálise quando passamos a usar com cuidado e a exatidão aqui buscada, seus conceitos teóricos e entre eles, principalmente, o conceito de método. Quando pudermos ter, todos os psicanalistas, uma convergência quanto ao conceito de método psicanalítico e, em decorrência disto, estivermos todos aplicando o mesmo método, estaremos todos praticando psicanálise e poderemos, só a partir daí, comparar nossas teorias, nossa técnica e até nosso estilo. Todos estes são caudatários do método, único instrumento unificador de uma ciência. Estaremos assim e só então, qualificando-nos para sermos admitidos no seio das ciências. Teremos ainda um critério justo e não preconceituoso para distinguir que práticas são puramente psicoterapêuticas e que práticas são psicanalíticas pela aplicação do método de cada disciplina e não pelos seus resultados médicos, sociais, morais ou filosóficos. BIBLIOGRAFIA. Baptista, M. L. A. (1977 [1978]). Pensamentos em Torno de Uma Interpretação - Relatório do 1o caso de supervisão. Jornal de Psicanálise, 10:27, 1979. ______________ (1991). Rev. Bras. Psicanál. 25(2):425-34, 1991. Cassirer, E. (1921-1929). 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Recorde-se que esta recomendação foi extraída de uma observação de Freud: “Tal aplicação da hipótese também poderia trazer consigo um retorno proveitoso da cinzenta teoria para o verde perpétuo da experiência.” (Freud, 1924 [1923]). Freud parafraseia o Fausto de Goethe (Goethe, 1832). Foi uma escolha infeliz de Freud, pois a frase parafraseada: “Cinzenta, caro amigo, é toda teoria, Verdejante e dourada é a árvore da Vida!” é dita por Mefistófeles depois de pensar: “Já cansei de falar austero e com bom siso, Vou passar a expressar-me, agora, qual demônio.” Segue-se longa explanação sobre a medicina e a ciência, uma intervenção de Fausto e, a seguir, a frase de Mefistófeles falando, portanto, como demônio, sem dúvida, um mau conselheiro.  Na época da conclusão deste texto não tinha tido ainda contacto com o importante texto “Prática do Método Psicanalítico.” (Le Guen, 1982) e não haveria tempo de introduzir modificações que esse texto pudesse sugerir-me.  Grifo meu.  Em verdade, Freud deu-se conta dos fenômenos transferenciais desde que entrou em contato com o caso Anna O., pois, a pseudociese da paciente não lhe escapou e foi, sem dúvida, um dos fatores que pôs em movimento a argúcia investigadora de Freud na direção do que hoje conhecemos como transferência.  Por indiferente, neste parágrafo, quero referir-me tão somente à igualdade metodológica. Pois, como veremos, as diferenças técnicas podem levar a diferentes resultados, mas, se usadas com o mesmo método criarão objetos da mesma disciplina, ou da mesma ciência, mesmo que objetos de corpos teóricos diversos.  Podemos e temos o direito de suspeitar que dizer a uma paciente que ela “está dizendo a coisa mais importante de sua vida” provavelmente gerará muito mais que curiosidade, podemos supor que lan014OPQV^ ¡  õ ö † ‡ B C P Q ^ h § ¨ ô õ Ž ¹ºÊËÌÍÎÏüòüèòèàØüÒüÒüÒüÒüÒüƽ´¬¢¬¢¬¢¬¢¬—†tèØih@~Œ6CJOJQJ#hh6ähpè6CJOJQJmH sH  hh6ähpèCJOJQJmH sH hh6ähpèmH sH hpèNHmH sH hpèmH sH hpè5mH sH h@~Œ5mH sH hh6ähpè5mH sH  hpèNHhpèOJQJh@~ŒOJQJhpèCJOJQJjhpè0JUhpè%34QRSTUV^P R S T U V W X Y Z [ \ ] ^ h ËÌøôêøøøøøøèßßßßßßßßßßßßßßèê$„`„a$ „—„^„—`„¤x$¤xa$Gçò !þþþÌÎ "78…Š<"È´Ï "s‹ Ÿ#«$è%¦&õæÜÏÆÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄÄ$„`„a$ $ & F¤xa$gd@~Œ $¤xa$gd@~Œ„—„¤^„—`„gd@~Œ „˜„^„˜`„äå !"7wxÂÔ•ûüGH×ØÅÆJKáâ*+ËÌ€bc?@Š‹QRXYßà £¤÷ø@AÊ˱²øùB C } ~ Ï Ð {"|" # #š#›#ß#òçòçòçßÚÕÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑËÑ hpèNHhpè hpè5 h@~Œ5h@~ŒOJQJh@~Œ6CJOJQJh@~Œ6CJNHOJQJPß#à#v$w$/%0%Â%Ã%á%â%)&*&¯&°&ø&ù&?'@'ƒ'„'œ((å(æ(ë)ì)€**Ê*Ë*ÿ*+Ž++ ,!,X,Y,‹-Œ- -¡-È-É-Ê-Ë- .!.o.p.O/P/–/—/`0a06171|1}122Y2Z2¢2£2ê2ë2}3~344-4.4x4y4Á4Â45 55566^6_6úöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöìöúöâÝâØâöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöú hcw H* hpèH*jhpèH*Ujhpè0JUhpè hpèNHU¦&¶&V()++.e0¥3Ð344H5¿7,8D8,:m;‚=¸>ö><‡<ˆ<Î<Ï<u=v=˜>™>{?|?È?É?@@@@×@Ø@ƒA„AÓAÔABBiBjB C CC`CaCËCÖC„D…D‘D’D"E#E»E¼EFFF¡F¢F~GG¥G®GHHrH‚HýHþHIüöüñüöüöüöüöüöüöüöüçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçÛçüöü×üöüöüöüöüöüçÛçÛçÌçÛçÌçÛçhpè5CJOJQJh\qhpèCJNHOJQJhpèCJOJQJ hpè5 hpèNHhpèPII2I3IvIwIJ JÝJÞJXKcKqKrKÞKßKåKpLqL¼L½LúL*CJOJQJhË,°CJOJQJhà‚CJNHOJQJhà‚CJOJQJhpèCJNHOJQJjhpè0JUhpèCJOJQJhpè5CJOJQJ05IåK~MNØNÐP“RJUxX‘XˆY‰Y¥Yh]Œ] ^‹^š^ `Ocxcre¢gçgËj×l m>oôôôòòòòòòòòëòòòòòòòòòòòòòòò$¤xa$ $„Фx`„Ða$RƒR„R¾S¿SXTYTâTñT·VóVSWTWÖWXqXrXvXwXÒXÓXJYPYƒY„YäYåYZZâ[ã[q\r\¸\¹\]]‡]ˆ]w^x^$_%_h_i_®_¯_J`K`à`á`&a'a&c'cEcFcddFeGe(f@fAfDfmffggŒgg*h+hkk5l6lÊlËlÎlÏl+n,nwnxnooüöüöüöüñüñüöüñüöüñüöüñüöüöüçüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüöüâÛâüâüöüöüöüöüöüöüöüöüöüñ hpè>*NH hpè>*jhpè0JU hpè6 hpèNHhpèVoo* hpèNHhpè hpè6 hpè6NHI>oksûudyb{c{ž{ë{ ~/~×~낆…ã‡ø‰ÛŒ “¤”Å–ð—&™@›ÈŸï q¥ø©ýýýýýöýýýýýýýýýýýýýýýýýýýýýý$¤xa$9‚§‚ä‚傃<ƒ~ƒƒ£ƒ©ƒÄƒàƒ„„a„b„c„}„°„±„H…I…† †P†Q†ä†å†Ñ‡Ò‡(ˆ)ˆÌˆãˆï‰ð‰‚ŠƒŠ‹‹?Œ@Œ‡ŒˆŒÛŒ÷øáŽâŽ'(§ºÿHIŠ‹Ö×B‘`‘w‘x‘À‘Á‘ ’ ’T’U’ ’¡’é’ê’·“=”›”œ”Ê”æ”蔕4•5•Ì•Í•––²–³–¾–úöðöúöðöúöúöðöúéúöðöðöðöðöðöðöðöúöðöðöðöðöðöúöðöðöðöúöðöðöðöðöúöðöðöðöðöðöðöúöðöúöúöðöðöðöðö hpè6NH hpèNHhpè hpè6\¾–¿–å—æ—6˜7˜™™ššEšFšš‘š*›+›6›7›œ 2VWŸ ÂÞžÙžÚžäžåžŸY m · ¸ É Ê î 2¡3¡y¡z¡Ã¡Ä¡F¢G¢Y¢[¢m¢n¢õ¢ö¢#¤$¤h¤i¤´¤µ¤ü¤ý¤E¥F¥ü¥ý¥G¦H¦’¦“¦¾©¿©é©ê©©«ª«Ä«Ö«ó«ô«¬¬úöúöúöúöìöúöúöúöúöçàçöúöúöúöúöúöúöçöçàçàçöúöúöúöìöÛöÛöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöúöçöúöÔ hpè6>* hpè>* hpè6NH hpè6jhpè0JUhpè hpèNHS¬¬Z­j­Ï­Ð­ë­.®/® ¯ ¯c¯d¯±(±H±I±1²2²|²}²¾²¿²Ë²Ó²Ö²è²³Ž³$´%´o´p´JµKµ­µ®µ¸¸¸ž¸é¸ê¸¹¹Ä¹Å¹×ºØº-».»x»y»¢»¼¼¼ÿ¼½Ü½Ý½(¾)¾l¾m¾ÿ¾¿ã¿ä¿.À/ÀyÀzÀÃÀÄÀäÀøÀeÁ}Á¢Á£Á1Â2 Ã÷ðìð÷ðìæìæìæìáìæìæìæìæìáìáìæìæìæìæìæìæìæìæì×ìæìæìæìæìáìæìæìæìæìæìæìæìæìæìæìáìÒìæìæì hpè>*jhpè0JU hpè6 hpèNHhpè hpè6>*hpè6>*NHSø©ì­‰¯³jµêº;ÂkÄ£ÆÄÇÈ&ÊæÊ@ÌÍBÏXÑÕÕ­ÕíÕTÖ°ÖùÖ`×Ç×تØýýýýýýýýýýýýýýýýýöêêêêêêêêê „Å„;ý¤^„Å`„;ý$¤xa$ à áâÃçÃèÃïà Ä4Ä5ÄdÄeÄiÄjīĬÄòÄóÄŒÅÅ·Ç¸Ç É!ÉÊʸ˹˂̯̃Ì͔͕ÍÜÍÝÍ!Î"ÎmÎnÎÏÏÏÏ/Ñ0ÑGÑHÑäÑåÑaÓeÓ¤Ó¥ÓòÔóÔÕ)Õ\Õ]ÕsÕtÕ­ÕÄÕìÕÖTÖ\Ö Ö¡Ö¯ÖºÖ@×Aצק×úöúöúöñöúöúöñöúöúöúöúöúöúöúöúöñöúöúöúöúöúöúöúöúöúöíöúöúöâØÌØ¿ØâØâØâØÌØâØÌØÌhpè>*CJH*OJQJhpèCJNHOJQJhpèCJOJQJhpè:CJOJQJhÅC” hpè6hpè hpèNHK§×qØ„Ø&Ú'Ú—Ú9ÛÐÛÙÛ%Ü&Ü5Ü6ÜAÜ|Ü}Ü܀ܫܻܰݱÝÖÝÞÝÞÞ Þ!Þ4àHà†à àá$á‘á©áâ(âZâ[â‚âââ”âÈâÉâããNãOãã¤ã×ãØãä#äiäƒäÄäÅäÆäöëößöÕöÑößöÑÆößößöÆößö»ö°ößöÆöÆöÆöÆöÆößöÆ£ÆößöÆößöÆößöÆöÆö™öh?]CJOJQJhpè:CJH*OJQJhpè5CJOJQJhpè;CJOJQJhpè:CJOJQJhpèhà‚CJOJQJhpèCJNHOJQJhpè6CJOJQJhpèCJOJQJ<ªØûØKÙ™ÙÝÙIÚ—Ú9ÛÛÐÛ6ܬÜÝjÝÖÝkÞÊÞ-ßéß4à†àá‘áâ‚âããóóóóóóóóæóóóóóóóóóóóóóóóóó $„Å„;ý^„Å`„;ýa$ „Å„;ý¤^„Å`„;ýãäiäÆäzåíåfæåæGç‘çCè©èÕè2êXê‚ê¬êØêóóóóóóóäâÕââƹ®£š$„q^„qa$ $„q¤x^„qa$ $„ã¤x^„ãa$ $„â„ÿ^„â`„ÿa$$„q„ÿ¤x^„q`„ÿa$ $„™„gÿ^„™`„gÿa$„Å„;ý¤^„Å`„;ýgd@~Œ „Å„;ý¤^„Å`„;ýÆä×äYåyåzå‡åÄåÅåíåæfæsæåæïæFçGçHç‘ç’çÈçëçìçíçòçóçèAèCèDè¢è£è©èªèÕèÖè6é7éÔéÚéÁëÂëŸì ì¬ì­ìÎíÏíÓíÔíÙíÚíýîþîïïÑïÒï Î Ï ñ ò ôêàêôêÔêôêôêÏ˾´°´°¬°¬°¦°¬°´°¦°´°´°¦°¡°´°´°´°¦°¦°´°¦°´°¦Ÿ°¦°¬U h qâ6 h qâNHh$Móh qâjh qâ0JUh@~ŒhpèCJOJQJhpè hpè:hpèCJNHOJQJh?]CJOJQJhpèCJOJQJhpè:CJOJQJ=Øê ëÁëŸì¬ìÙíïñ ò þ ÿ ! ! ! !!!ôëëéÜÏÏ;;Íͯ„Å„;ý¤^„Å`„;ýgd@~Œ„h]„h„øÿ„&`#$ $„ª„Vÿ^„ª`„Vÿa$ $„q„ÿ^„q`„ÿa$$„q^„qa$ $„ã¤x^„ãa$ça a flecha de um vínculo em que a curiosidade será apenas um dos elementos e, como a frase é dita por um analista a uma pessoa em condição de análise, estão aí criadas as condições para a criação da transferência e do objeto psicanalítico. PAGE 19 PAGE 2 ò ó ù ú ü ý þ !!!! ! ! ! !!!õïõäõïàõïõÕõïàÑÄh@~ŒhpèCJOJQJh$Móh$Mó0JmHnHuh qâh qâ0JmHnHu h qâ0Jjh qâ0JU# 0&P °ƒ. °ÈA!°"°# $ %°œ8@ñÿ8 Normal_HmHsHtHP@P Título 1 $¤ð¤<5CJKHOJQJkHäL@L Título 2$¤ð¤<@&56CJOJQJ>A@òÿ¡> Fonte parág. padrãoXióÿ³X  Tabela normal :V ö4Ö4Ö laö ,kôÿÁ, Sem lista LþOòL Estilo1$„Фx`„Ða$CJOJQJkHäLþOL Estilo2$„Фx`„Ða$CJOJQJkHäH&@¢H Ref. de nota de rodapéH*J@"J Texto de nota de rodapé:@2: Cabeçalho  ÆC†"8)@¢A8 Número de páginaTYRT Estrutura do documento-D OJQJB*¢aB Ref. de nota de fimH*lR@rl Recuo de corpo de texto 2$„Фð`„Ða$ CJOJQJlC@‚l Recuo de corpo de texto$„Å„;ý^„Å`„;ýa$ CJOJQJ0OX$2AÕFRikžÓ˜¡¯nç JübŽzXe’È|  nç$ÿÿÿÿ34QRSTUV^PRSTUVWXYZ[\]^hËÌÎ " 7 8 … Š<"È´Ï "s‹Ÿ«è¦¶V !#+&e(¥+Ð+4,H-¿/,0D0,2m3‚5¸6ö6<7D89’9;>#@5AåC~EFØFÐH“JJMxP‘PˆQ‰Q¥QhUŒU V‹VšV XO[x[r]¢_ç_Ëb×d e>gkkûm?pïqðq+rxr™t¼tduxy|p~…€hƒ«ƒ“†š‰1‹R}Ž³Í‘U”«•|—þ›… y¤¦©÷«w±È¸øº0½Q¾¾³ÀsÁÍ•ÃÏÅåǕˤË:ÌzÌáÌ=͆ÍíÍTΡÎ7ψÏØÏ&ÐjÐÖÐ$ÑÆÑ Ò]ÒÃÒ9Ó«Ó÷ÓcÔøÔWÕºÕvÖÁÖר×Ø¡ØÙ“ÙÚœÚöÚSÛÜzÜóÜrÝÔÝÞÐÞ6ßbß¿àåàá9áeá–áNâ,ã9ãfäœåPçQç\ç]ç^ç_çjçkçlçoç0€€˜0€˜0€€0€€€0€€0€€0€€0€€0€€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€˜0€V€0€€€ 0€€€˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ˆ˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€˜0€€˜0€€˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ˆ˜0€€0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p0€€ ˜0€€0˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€˜0€€˜0€€˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€@˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€H˜0€€p˜0€€p0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€˜0€€˜0€€˜0€€P˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€˜0€€0€€˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ ˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€¸˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ˆ˜0€€ˆ˜0€€p˜0€€p0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ˆ˜0€€˜0€€˜0€€ˆ˜0€€ˆ˜0€€˜0€€ €˜0€€ˆ˜0€€˜0€€ˆ˜0€€˜0€€ˆ˜0€€˜0€€ˆ˜0€€˜0€€ˆ˜0€€Ð˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€˜0€€p˜0€€p˜0€€p˜0€€ˆ˜0€€p˜0€€˜0€€˜0€€p˜0€€˜0€€p˜0€€ €@0€€x˜@0€€ø€˜@0€€p˜@0€€p˜@0€€ø€˜@0€€ø€˜@0€€˜@0€€ø€˜@0€€ø€˜@0€€ø€˜@0€€ˆ˜@0€€˜@0€€p˜@0€€p˜@0€€˜@0€€p0`T߯]y00Àyì5æåA#å18#åT#åp#åà]y00y]y00y˜@0€€˜@0€€]y00y0Øä¯234Q^PhËÌÎ 7 8 … Š<"È´Ï "s‹Ÿ«è¦¶V !#+&e(¥+Ð+4,H-¿/,0D0,2m3‚5¸6ö6<7D89’9;>#@5AåC~EFØFÐH“JJMxP‘PˆQ‰Q¥QhUŒU V‹VšV XO[x[r]¢_ç_Ëb×d e>gkkûm?pïqðq+rxr™t¼tduxy|p~…€hƒ«ƒ“†š‰1‹R}Ž³Í‘U”«•|—þ›… y¤¦©÷«w±È¸øº0½Q¾¾³ÀsÁÍ•ÃÏÅåǕˤË:ÌzÌáÌ=͆ÍíÍTΡÎ7ψÏØÏ&ÐjÐÖÐÆÑ Ò]ÒÃÒ9Ó«Ó÷ÓcÔøÔWÕºÕvÖÁÖר×Ø¡ØÙ“ÙÚœÚöÚSÛÜzÜóÜrÝoç_900Lyx²Ùåè!å1"å "å<"å]900y]900y_900y]900y_900y]900y]900y_900y_y00y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y;080Tzȵ{_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900y_900yš0€€TYªß#_6IRo9‚¾–¬ ç×Æäò !x|}€‚ƒ…†‡‰Š‘̦&5I>oø©ªØãØê!y{~„ˆ‹ŒŽ!z %È%Ê%Rvzv|vnçHÔÿ•€HÔÿ•€ !tÿ•€!tÿ•€ÿÿ _Ref467808163X$oçY$oçÿÿ’ÒVlé{“ÒVê{roç)roç>*€urn:schemas-microsoft-com:office:smarttags €PersonName€ ÃÊÊ Ó ä í :?37ÀÉ?IÁÅg!l!|"‰"Í#Ô#ó#$(%,%—%Ë%Í%Ò%Ó%Ô%u4€4‡77‡;Œ;Ž;“;ì>ô>ÜBéB›D§DH HHH KKTKdK|L…L²L·LSWWWüYZaa$a+a4a:a;aBaŽa•a–a a8b?bSbYb{b‚bƒbbŽo˜oàqíqttIv~vv‚vƒv‹v¶vÀv]ygyD|M|€¦€Ÿ„¤„¥„¬„W‰d‰Œ Œ’Ÿu’‡’Ù–æ–;—J—ó ú ¡¡Ù£æ£8¤G¤÷«ü«þ«¬À­Å­Ù»Ý»½½ÿÅÆ*Æ;Æ#Ç)Ç\Ìd̷̼ÌÈÌÑÌþÎÏÏÏcÑfÑÞÓæÓ2Õ:ÕðÕ÷ÕøÕÖ¦Ö®ÖÁÖÈÖØ Ø}؂ءأؤبØÙÙyÙÙöÚÛSÛXÛ„ÛÛ•ÛšÛÜ Ü_ÜgÜÙÜáÜCÝLÝcÝjÝrÝxݺÝÂÝÓÝÔÝ÷ÝÿÝtÞxÞyÞzÞ¢ÞÎÞËâÍâÎâÒâPçQç\ç_çiçlçoçhÊŽ   ”¤€ %+ 5P¶º_%*&*Ã*ä5 6œ899‘9B>t>SATA–D§DÙMãMÔ_Û_öb cj)j k·k¼uÂv~Z~pÊ‚Ü‚9ŽTŽ¤–Ø–—˜Ÿ˜š š©žÌž¤£Ø£$«8«þµ-¶%¿8¿HÔZÔÕÙÚ^ÚšÚÜÚçÚZÛ\ÛÓÝÔÝtÞxÞyÞzÞ¢ÞÎÞ¿àäà áá9ádá”á•á=â@â”âÇâPçQç\ç_çiçlçoçV^^h ! 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