Desde a antiguidade que esse sentimento tem sido uma mescla do dizível e indizível. Vem ganhando força e existindo em sua forma mais pura e verdadeiramente impura nos corações dos seres humanos.

De acordo com as interpretações humanas, algumas exageradas, outras bem comedidas, o amor é um sentimento que pode curar, pode transformar e criar uma amistosidade harmônica para todos. Logo, o amor é um sentimento de reação as coisas que nos cercam. Para algumas reagimos com mais intensidade trazendo lembranças do fundo da memória para reforçar o nosso estado de espírito. Para Krishnamurti, p. 94:

“O Amor é um sentimento? Que é sentimento? O sentimento é como o pensamento. Sentimento é sensação. Vejo uma flor e “reajo” a essa flor: gosto ou não gosto dela. O “gosto” ou o “não gosto” é ditado por meu pensamento, e o pensamento é reação do fundo de memória. Assim, digo: “Gosto daquela flor” ou “Não gosto daquela flor”; “Gosto deste sentimento” ou “Não gosto daquele sentimento”. Ora, o amor está em relação com o sentimento? Qual é vossa resposta? Vede o que minha pergunta significa. Escutai-a! O amor é um sentimento? Sentimento é sensação, evidentemente — sensação de gosto e desgosto, de bom e de mau, de sabor agradável, etc. Esse sentimento está relacionado com o amor? Eis a questão. E que significa para vós o amor?”

Já o dicionarista Luft, 1996, p.33, diz que amor é um substantivo masculino que significa “afeição profunda pela pessoa amada, o zelo e o cuidado”. É uma palavra Polissêmica por apresentar várias acepções inseridas no verbete. Quando usamos um dicionário devemos estar atentos ao contexto semântico que desejamos empregar. Para Carvalho, 2007, p.54:

“Não é tarefa fácil definir o amor. A primeira dificuldade resulta do fato de que é uma palavra polissêmica, por exemplo, em ‘amor platônico’, ‘amor entre amigos’, ‘amor entre pais e filhos’, ‘amor entre marido e mulher’, ‘amor entre pessoas do mesmo sexo’, ‘amor a Deus’, ‘amor aos animais’, ‘amor à vida’, ‘amor ao perigo’, ‘amor à verdade’, entre outros exemplos.”

Cada vez que procuramos o sentido da palavra amor, nos deparamos sempre com um sentido ligado a uma carga cultural muito forte, aquele sentido que nos rodeia que vem da sociedade a qual participamos e herdamos todos os valores. Cada sociedade tem sua forma de pensá-lo, nomeá-lo e dar sentido ao vocábulo. Ainda temos mais variantes quando analisamos o vocábulo pelo plano particular, emocional e individual. Encontramos ainda em Houaiss apud Carvalho, 2007, p.55, definições de amor:

“...verificamos que o amor é definido, por exemplo, como ‘atração afetiva’ ou física que, devido a certa afinidade, um ser manifesta por outro, forte afeição por outra pessoa, nascida de laços de consanguinidade ou de relações sociais;atração baseada no desejo sexual, afeição baseada em admiração, benevolência ou interesses comuns, dolorosa amizade; força agregadora ou protetiva que sentem os membros dos grupos familiares ou não entre si,devoção afetuoso de vida a Deus por suas criaturas, entre outras definições”.

O verbete “Amor” e suas acepções sempre estiveram presentes na relação humana em suas formas mais variantes, os diversos contextos do carinho físico ao sentimento de devoção religiosa. Todo discurso, toda convivência construindo dialetos de vida apresentam essa relação do sujeito com um objeto personalizado e distinto para cada ser. Assim se manifesta em sua significação. Mas todas as significações possíveis chegam à atração do sujeito por um objeto de amor. Essa tônica relação marca o apego humano de forma excessiva ou não. Para Carvalho, 2007, p.56:

“A definição de ‘apegar como fazer sentir ou sentir apego’, opera como uma paráfrase de ‘capturar ou ser capturado’, que define Poe sua vez o ‘amor’. Considerando o apegar como ‘fazer aderir a, colar, agarrar-se’; Capellanus apud Carvalho, p.56. ‘aquele que ama é um sujeito apegado, atraído pela força do objeto”.

Na Grécia Antiga, a Língua Grega apresentava uma forma escrita para cada tipo de amor. Um nome diferente para cada necessidade. Em Língua Portuguesa só existe um só vocábulo para todas as acepções possíveis de sentido. A diferenciação se dá pelos adjuntos e complementos que o qualificará no contexto. Podemos citar alguns casos:

1. “AGÁPE” – Grego Antigo (Amor ligado a Espiritualidade);
(festa dos primitivos cristãos que consistia de uma refeição comum com a qual era celebrado o rito eucarístico – Houaiss);
“ÁGAPE” – Português (Amor ligado a Espiritualidade);
(qualquer refeição entre amigos – Houaiss);
(refeição de confraternização – Luft);

2. “STORGE” – Grego Antigo (Amor Incondicional);
(consistia no amor familiar, pais, filhos, irmãos, primos, tios, avós, mais doação que troca);
“STORGE” – Português (Não existe O VOCÁBULO, mais existe o AMOR DE IRMÃO);

3. “FILIÁ” – Grego Antigo (Amor/ AMIZADE);
(consistia no amor ENTRE AMIGOS, a amizade em português);
(querer bem a quem não é da família - troca);
“FILIÁ” – Português (Não existe O VOCÁBULO, mais existe A AMIZADE);

4. “EROS” – Grego Antigo/Cupido Romano (Amor/ Prazer Sexual) outras palavras ligadas ao amor em latim: amor, dilectio, charitas;
(consistia na troca de prazer);
“EROS”, aportuguesou-se em “ERÓTICO”– PORTUGUÊS (Amor/ Erótico);
(consistia na atração libidinal – intenso querer com conjunção carnal);

5. “PRAGMA” – Grego Antigo (Prática/Negócio);
(consistia numa forma de amor que prioriza o lado prático das coisas – o casamento como um contrato de interesses);
“PRAGMA”– Português (De acordo com as formalidades, com a etiqueta);

Amor em Português é uma palavra derivada do latim “AMOR”  e representa todos os significados já citados acima, convém lembrar: compaixão, querer bem, afeição, misericórdia, atração, inclinação, libido, apetite, satisfação, paixão, conquista, desejo. Assim de forma mais simples é toda ligação emocional com alguém, ou com algum objeto que seja capaz de recebê-la, fortalecê-la através de estimulos sensoriais e psicológicos mantendo a ligação e motivando essa relação.

“Eros (Cupido, no panteão romano) era o deus grego do amor. Hesíodo, na sua Teogonia, considera-o filho de Caos, portanto um deus primordial. Além de o escrever como sendo muito belo e irresistível, levando a ignorar o bom senso, atribui-lhe também um papel unificador e coordenador dos elementos, contribuindo para a passagem do caos ao cosmos”.

Assim o amor se perpetuou do início da formação das sociedades até a atualidade, encontramos nesta história exemplos belíssimos como o amor em Platão, que pela primeira vez aparece a ideia de Paixão, o amor ideal, puro, impossível de realizar,  em Sócrates, mas o destaque maior é o amor de cristo para com a humanidade, com descrições na Bíblia como em:

“o amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria, não se ensoberbece, não se porta inconvenientemente, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal; não se regozija com a injustiça, mas se regozija com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.” (I coríntios 13: 4-7).
 “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.” (João 15: 12-13).

Diante da ciência moderna temos as reações químicas que o amor desencadeia no organismo humano, produzindo a dopamina, norepinefrina e feniletilamina. O efeito dessas afetaminas – substâncias naturais do organismo humano. Nos deixa e eufóricos e já ocorreram casos de atores hollywoodianos sofrerem com dependência do amor físico de Eros. O vício nos torna sem capacidade de amar de forma duradoura é o famoso aventureiro. A estabilidade amorosa faz o organismo produzir a endorfina e o orgasmo tão sonhado pelas mulheres, pesquisas recentes revelam que ao corpo produzir oxitocina, assim o orgasmo fica poderoso com uma gloriosa sensação de prazer indescritível.

Referências Bibliográficas:

KRISHNAMURTI. A Mutação Interior – Cultrix- página 94 e 95.
CARVALHO, Paulo César de. Os Nomes do Amor. Revista Língua Portuguesa. 2007. Ano I. Nº 01, p. 54 - 57. Escala Educacional.
http://www.renascebrasil.com.br/f_amor2.htm