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Processo Seletivo Seriado: seriedade ou aventura?

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A época de ingresso no ensino superior é de grande desgaste para os estudantes e suas famílias. Eliminar o concurso vestibular, que em uma única prova realizada num único dia (ou distribuída em dois ou três dias seguidos, o que faz pouca diferença) pretende avaliar conhecimentos e selecionar alguns candidatos em detrimento de outros, sempre foi o sonho de todos os professores e vestibulandos.

Por isso, neste momento instituições de ensino superior de todo o país repensam seus métodos de seleção e planejam implantar outras modalidades de processo seletivo, e uma delas é o Processo Seletivo Seriado.

Neste processo, a seleção para ingresso é feita através da média obtida pelo aluno, examinado ao final de cada ano letivo do ensino médio. Com o resultado das três provas é calculada a média, e os melhores colocados terão garantido o ingresso na Universidade. O conteúdo cobrado em cada uma das provas é referente apenas ao programa do ano em curso, ou seja, ao concluir cada série do ensino médio é realizada uma prova apenas com os assuntos vistos nesta etapa. A ideia é que o processo seletivo seriado privilegia os estudantes que se dedicam aos estudos durante todo o período escolar.

Os primeiros processos seletivos seriados foram implantados no Rio Grande do Sul, com propostas extremamente sérias de melhoria da qualidade do ensino médio, grande dificuldade de implementação e uma concepção magistral da extensão universitária.

Um processo seriado implica o cadastramento de todas as escolas de ensino médio na região de abrangência de cada instituição de ensino superior. As instituições universitárias serão, em princípio, responsáveis pela aplicação dos testes realizados ao final de cada série. No entanto, não se trata apenas de preparar uma prova (bem feita e coerente) e aplicá-la, mas também, e principalmente, de trabalhar em parceria com as escolas de ensino médio. Esta atividade conjunta trará ganhos de qualidade para ambas, com eventuais alterações curriculares e adoção de metodologias pertinentes e, ao mesmo tempo, adequação das provas aplicadas à realidade regional. O objetivo é permitir que os alunos possam, com equidade, realizar exames ao final de cada etapa e demonstrar suas respectivas maturidades e conhecimento. Sem essas atitudes, difícil garantir chances iguais a todos os alunos.

Algumas instituições universitárias, inclusive no Paraná, paliativamente distribuem aos alunos interessados os conteúdos programáticos que serão cobrados em suas provas, o que constitui uma forma indireta de exigir das escolas de ensino médio o atendimento a estas prioridades.

Um processo seriado envolve a adesão da comunidade para que tenha chance de lograr seus objetivos. Necessita que as instituições de ensino superior realmente se envolvam (e, possivelmente, realizem formação continuada) com os docentes do ensino médio. Algumas IES no Rio Grande chegam a ter mais de 90 mil alunos do ensino médio em sua região de abrangência. É um processo sério e moroso. Necessita grande planejamento e decisão política.

Além disso, o Processo Seletivo Seriado vem sendo um pouco “atropelado” pelo ENEM, que tem outros pressupostos e tende, aparentemente, a se tornar hegemônico.

Neste momento algumas poucas instituições utilizam o ENEM como única modalidade de processo seletivo, já que a divulgação dos problemas (lamentáveis) de sua aplicação e concepção prejudicou sensivelmente a imagem deste exame diante da comunidade. Mas a tendência é de melhoria gradativa deste processo, com consequente maior adesão.

Somos um país conhecido pela profusão de propostas pedagógicas, a maior parte delas longe da obtenção de melhoria da qualidade de ensino. Esperamos não nos tornar também campeões em novas propostas de acesso, se estas não tiverem a seriedade e cuidado no trato educacional como adendo indispensável.