Foi em meados da década de 70 que a União Soviética começou a perder o "bonde da história". Ficava evide... Pressione TAB e depois F para ouvir o conteúdo principal desta tela. Para pular essa leitura pressione TAB e depois F. Para pausar a leitura pressione D (primeira tecla à esquerda do F), para continuar pressione G (primeira tecla à direita do F). Para ir ao menu principal pressione a tecla J e depois F. Pressione F para ouvir essa instrução novamente.
Título do artigo:

Decadência da Superpotência, A

94

por:

Foi em meados da década de 70 que a União Soviética começou a perder o "bonde da história". Ficava evidente, mesmo para os próprios soviéticos, que o império vermelho era uma superpotência apenas pelo seu poderio militar, pelo seu arsenal nuclear e pela sua capacidade de destruição em massa. Devido ao seu baixo dinamismo econômico, sua produtividade industrial não acompanhava nem de longe os avanços dos países capitalista desenvolvidos, mais competitivos. Seu parque industrial, sucateado era, incapaz de produzir bens de consumo em quantidade e qualidade suficientes para abastecer a própria população. As filas intermináveis eram parte do cotidiano dos soviéticos e o descontentamento se generalizava.

Tudo isso, evidentemente, era percebido pela cúpula dirigente do PCUS. Paralelamente, aumentava também a força dos movimentos separatistas, particularmente nas repúblicas bálticas. Era necessário implantar reformas políticas e econômicas urgentes, além de fazer algumas concessões aos separatistas para evitar secessões.

Mas o golpe de misericórdia na combalida economia soviética foi dado pelos Estado Unidos, no início da década de 80. A campanha dos republicanos para a eleição presidencial norte-americana, em 1980, foi baseada na recuperação da auto-estima e do prestígio internacional do país, abalado pelo democrata Jimmy Carter, tido por muitos como um governo fraco. Ronald Reagan foi eleito presidente do Estado Unidos com esse discurso e, para viabilizá-lo prometeu triplicar o orçamento para a defesa. Como a União Soviética não tinha mais condições de continuar com a corrida armamentista, os acordos de paz entre as duas superpotências se tornaram necessários.

Foi com essa espinhosa missão militar que Mikhail Gorbatchev chegou ao cargo de secretário-geral do PCUS, posição mais alta na estrutura de poder da extinta União Soviética. Cabia a ele recolocar o país no mesmo patamar tecnológico do mundo ocidental, aumentando o s níveis de produtividade econômica. Cabia a ele também aumentar a oferta e a qualidade de bens de consumo e de alimentos para a população. Para isso, era importante atrair investimentos estrangeiros, garantido acesso a novas tecnologias. Com esse objetivos, foram firmadas muitas associações (Joint Ventureis) com empresas ocidentais. Era fundamental, para tanto, introduzir entre os administradores e trabalhadores o conceito de lucro, de produtividade, de controle de qualidade, etc, a fim de modernizar as empresas industriais e agrícolas.

O próprio Gorbtchev fez uma análise bastante realista da situação do país e por reformas nos planos políticos e econômicos. Essa proposta apareceu de forma cristalina no Livro Perestroika - novas ideias para o meu pais e o mundo. Um best-seller mundial.

Nesse livro, Gorbatchev, rompendo com o imobilismo da era Brejnev, propôs uma reestruturação (Perestroika em Russo) da economia soviética visando à superação de suas profundas contradições. Mais, para a implantação da Perestroika, para o seu sucesso, respondendo as pressões internas e externas, seriam necessárias reformas também no sistema político-administrativo. Era preciso pôr fim à ditadura, demonstrando o aparelho repressor erigido na era Stálin. Outra necessidade era frear a corrida armamentista. Gorbatchev sempre tomou a iniciativa para a assinatura de acordos de paz com os Estado Unidos, o que acabou lhe garantindo o prêmio Nobel da Paz, em 1990. Independentemente seus princípios éticos, ela necessitava urgentemente desses acordos para ter as condições econômicas e políticas que sustentariam a implantação de suas reformas.

O primeiro passo foi a glasnot, que pode ser traduzida como uma fase transparência política. Teve início, assim uma política na extinta União soviética. Entretanto, a desmontagem do aparelho repressor foi como se um poderoso vulcão, há muito adormecido, entrasse em atividade. Força nacionalistas imediatamente começaram a reivindicar autonomia em relação a Moscou. Durante toda a existência da União Soviética, as minorias oprimidas pelos russos, que eram de fato os senhores do país, foram controladas pelo uso da força bruta - repressão, tortura, assassinatos, etc. - ou pelo controle ideológico - o partido único como encarnação da revolução socialista e do proletariado no poder. Assim, com o primeiro relaxamento separatista. As repúblicas bálticas foram pioneiras, os ideais de liberdade espalharam-se pelo Cáucaso, Ásia central e outras regiões do país. Levando à completa fragmentação da antiga superpotência.