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Fenômeno da Evolução, O

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Observando a natureza, onde seus exemplos ilustram os notáveis pressupostos científicos lançados pelo homem (ou não seria o contrário?) podemos constatar a perfeição da obra do Criador, adaptando as mais diversas formas de vida entre si possibilitando a vitória reprodutiva que é a base da perpetuação das espécies.

As plantas Angiospermas (que produzem flor, fruto e semente) por razões relacionadas a recombinação gênica promovem a fecundação cruzada e quando realiza a autofecundação o fazem quase sempre com ajuda exterior de um elemento polinizador, pois em algumas ocasiões não existem correlação física entre os órgãos reprodutores, o que funciona como uma barreira reprodutiva.  Normalmente, durante o dia a flor se abre, é visitada pelo polinizador, que pode ser o vento (anemofílica), um inseto (entomofílica) ou um pássaro (ornitofílica), este faz o transporte do pólen até o estigma, e a partir daí fica por conta da própria planta.  No entanto, o que nos chama atenção para o processo evolutivo são exemplos atípicos como a do arbusto Mandacaru (Cereus jamacaru).

A flor do mandacaru chama atenção pelo tamanho (o diâmetro da corola, quando aberta, atinge até 0,15 m), o grande número de pétalas amareladas e uma peculiaridade: ela se abre durante a noite.  O mandacaru pertence a família das Cactaceae, característica de regiões áridas e semi-áridas de dispersão praticamente restrita às Américas.  A planta em si apresenta-se com um caule verde, cilíndrico, folhas adaptadas em espinhos e forma frutos carnosos e com muitas sementes.  No Brasil, o mandacaru compõe a Caatinga, tipo vegetacional característico, onde no período seco as folhas caem e a mata torna-se esbranquiçada (Caatinga em tupi-guarani quer dizer “mata clara”).  Esta peculiaridade de abrir sua flor apenas a noite poderia ser considerada um fator adaptativo se considerarmos que, as principais espécies polinizadoras têm hábito diurno e mais: considerando a estrutura floral no mandacaru, apenas animais de determinado porte como besouros ou pássaros poderiam auxiliar no fenômeno da polinização.

Mas, como na natureza a maioria das histórias tem um final feliz teçamos algumas considerações em relação ao polinizador nato dos mandacarus: o MORCEGO.

Considerado o único mamífero verdadeiramente voador, os morcegos pertencem a Ordem Quiroptera (Do grego: Quiro= mãos; Ptero= asas; ”mãos em forma de asa”) e estão divididos em três grupos, de acordo com o hábito alimentar em: frugívoros (alimentam-se de frutos), insetívoros ( alimentam-se de insetos) e hematófagos (alimentam-se de sangue).  Este animal tem como características mais marcantes uma audição ultra-sônica, uma visão deficiente e o hábito de vida noturno.  Esta última característica aliada ao hábito de alimentar-se de frutos (espécimes frugívoras) faz de algumas espécies de morcegos polinizadoras de mandacarus.  Mas cabe uma pergunta: a flor abre-se a noite porque o animal é noturno ?  Ou o animal poliniza a flor por que ela se abre a noite ?

Analisando a questão numa visão Lamarckista poderíamos levantar os questionamentos:

1) a insistência em abrir-se durante o dia, como a maioria das outras plantas, levou a uma competição pelo agente polinizador, o que de alguma forma o mandacaru saiu em desvantagem já que suas pétalas não chamam atenção e a flor não exala odores atrativos.  Por que, então não procurar adequar-se a um horário sem o “rush” dos polinifílicos tradicionais?
2) o desuso ou a falta de visitantes polinizadores durante o dia foi fazendo com que a planta fosse optando por horários cada vez mais crepusculares?
3) o hábito do morcego em buscar alimentos à noite foi uma adaptação a concorrência pelos mesmos ou uma fuga de eventuais predadores que durante o dia o teriam como presa fácil, já que sua cor só mimetiza com a noite?

Estes questionamentos e a consequência dos mesmos em relação a opinião da maioria, especialmente de leigos levaria a conclusões simplistas, com pouca base teórica e uma boa dose de ficção.  Analisando o contexto, levando em consideração a teoria da Seleção Natural de Darwin, busquemos uma explicação para o fato:

1) certamente que a um tempo distante haviam variedades de mandacarus com artifícios fisiológicos para abertura da flor em turnos diferentes, assim como existiam variedades de morcego com hábitos diurnos e noturnos;
2) as dificuldades de encontrar polinizadores que se interessassem pelo trabalho nas flores de mandacarus durante o dia foram diluindo a vida de tais plantas, e apenas as que conduziam a abertura das flores durante a noite foram permanecendo, caracterizando assim, os polinifílicos (ou a falta deles em algum momento do dia) como os responsáveis diretos pela Seleção Natural;
3) os morcegos que difundiam o hábito diurno, como presas fáceis de outras espécies, principalmente em relação à coloração que destaca-o no meio foram paulatinamente desaparecendo, ficando apenas os que detinham hábitos noturnos.

Em face ao exposto, verificamos a coerência das ideias darwinianas em relação a este e a outros milhões de casos.  O legado de Lamarck, embora importante na conceituação do processo adaptativo, deixa impressões de um ficcionismo sem provas, que deixa transparecer toda a fragilidade de suas ideias.

O fenômeno evolutivo é isto; um mistério natural cercado por explicações de várias correntes de pensadores, mas com uma única solução: o toque mágico do criador que determinou a abertura da casa no horário que o visitante pode aparecer.